As duas Igrejas da China, a "oficial" e a clandestina, revelam a realidade para qual caminham muitos países do ocidente
Enquanto os púlpitos das universidades brasileiras
estão impregnados pelo discurso esquerdista, a ponto de se abrirem Centros para
Difusão do Comunismo, como acontece, por exemplo, na Universidade Federal de
Ouro Preto, do outro lado do Atlântico, mais especificamente na China,
católicos são obrigados a refazer o caminho dos primeiros cristãos perseguidos. É
a dura realidade da Igreja Católica clandestina, imposta pela revolução
cultural do tirano Mao Tsé-Tung, no início da década de 50, com a criação da
República Popular da China. Segundo cálculos do premiado professor de Ciência
Política da Universidade do Havaí, Rudolph J. Rummel, cerca de 76 milhões
de pessoas foram mortas pelo regime entre os anos de 1949 e 1987.
O advento do comunismo chinês provocou uma
avalanche de perseguições à religião. Templos foram profanados, igrejas e
conventos fechados, fieis foram mortos. Para evitar o nascimento de novas vocações
e a autoridade do Papa, o governo criou em 1957 a Associação Patriótica
Católica. Desde então, as relações da Santa Sé com o regime tirânico vêm se
arrastando de forma conturbada, sobretudo por causa das sagrações episcopais
ilícitas promovidas pela Associação. No ano passado, após romper com o Estado e
anunciar que não mais serviria ao regime comunista, o recém ordenado bispo, Dom
Thaddeus Ma Daqin, desapareceu. Os católicos acusam o governo de tê-lo
aprisionado.
Com efeito, os seminaristas que desejam servir à
Igreja precisam enfrentar uma verdadeira jornada, às vezes até indo para outros
países, a fim de receber uma adequada formação doutrinal. É o caso, por
exemplo, do jovem diácono Tomás Zhang, que sonha em se ordenar sacerdote para a
Igreja de seu país. Há seis anos em Pamplona, Espanha, Zhang foi ordenado
diácono pelo arcebispo Francisco Pérez. No próximo sete de setembro, será
ordenado sacerdote em Navarra. Conforme relata, a vida de um padre chinês não é
muito diferente da de outros países, a não ser no que se refere aos cuidados
com a segurança. Têm que trabalhar de forma secreta e muitos dormem de dia e
trabalham à noite, "quando dormem os policiais, para evitar ir para
prisão".
A Igreja Católica chinesa, conta Zhang, é uma
autêntica igreja doméstica, uma vez que a maioria das celebrações eucarísticas
acontecem nas casas de algumas famílias. Ciente dessa situação conflitante, o
Papa Francisco exortou os católicos chineses a serem fiéis ao Sucessor de
Pedro, e a "viver(em) cada dia no serviço ao seu país e aos seus
concidadãos de modo coerente com a fé que professam". O pedido foi feito
em uma das tradicionais audiências gerais de quarta-feira.
Considerando a distância e as circunstâncias
diversas nas quais os católicos brasileiros se encontram, a realidade chinesa
parece até surreal. Mas não é. O processo de secularização dos países
ocidentais caminha a passos largos e o destino final não é muito diferente do
dos irmãos orientais. Quando se tem a fé apenas como um pressuposto e se coloca
em seu lugar o ativismo social, não demora muito para que esse pressuposto
desapareça e o ativismo se torne demagogia. E o Brasil, outrora maior país
católico do mundo, é a prova mais contundente disso.
Equipe Christo Nihil Praeponere
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