Catequese



Catequese com o Papa Francisco
 


Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Queridos irmão e irmãs,
Sábado passado iniciou-se a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que se concluirá sábado próximo, festa da conversão de São Paulo apóstolo. Esta iniciativa espiritual, mais do que nunca preciosa, envolve as comunidades cristãs há mais de cem anos. Trata-se de um tempo dedicado à oração pela unidade de todos os batizados, segundo a vontade de Cristo: “que todos sejam um” (Jo 17, 21). Todos os anos, um grupo ecumênico de uma região do mundo, sob a condução do Conselho Ecumênico das Igrejas e do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, sugere um tema e prepara subsídios para a Semana de Oração. Este ano, tais subsídios são provenientes das Igrejas e comunidades eclesiais do Canadá, e fazem referência à pergunta dirigida por Paulo aos cristãos de Corinto: “Então estaria Cristo dividido?” (1 Cor 1, 13).

Certamente Cristo não está dividido. Mas devemos reconhecer sinceramente e com dor que as nossas comunidades continuam a viver divisões que são um escândalo. As divisões entre nós cristãos são um escândalo. Não há outra palavra: um escândalo. “Cada um de vós – escrevia o apóstolo – diz: “Eu sou de Paulo”, “Eu sou de Apolo”, “E eu de Cefas”, “E eu de Cristo”” (1, 12). Mesmo aqueles que professavam Cristo como seu líder não são aplaudidos por Paulo, porque usavam o nome de Cristo para separar-se dos outros dentro da comunidade cristã. Mas o nome de Cristo cria comunhão e unidade, não divisão! Ele veio para fazer comunhão entre nós, não para dividir-nos. O Batismo e a Cruz são elementos centrais do discipulado cristão que temos em comum. As divisões, em vez disso, enfraquecem a credibilidade e a eficácia do nosso compromisso de evangelização e arriscam esvaziar a Cruz do seu poder (cfr 1,17).

Paulo repreende os coríntios pelas suas disputas, mas também dá graças ao Senhor “por causa da graça de Deus que vos foi dada em Cristo Jesus, porque Nele fostes enriquecidos de todos os dons, aqueles da palavra e aqueles do conhecimento” (1, 4-5). Estas palavras de Paulo não são uma simples formalidade, mas o sinal que ele vê antes de tudo – e disto se alegra sinceramente – os dons feitos por Deus à comunidade. Esta atitude do Apóstolo é um encorajamento para nós e para cada comunidade cristã a reconhecer com alegria os dons de Deus presentes nas outras comunidades. Apesar do sofrimento das divisões, que infelizmente ainda permanecem, acolhemos as palavras de Paulo como um convite a alegrar-nos sinceramente pelas graças concedidas por Deus a outros cristãos. Temos o mesmo Batismo, o mesmo Espírito Santo que nos deu a Graça: reconheçamos isso e nos alegremos.

É belo reconhecer a graça com a qual Deus nos abençoa e, ainda mais, encontrar nos outros cristãos algo de que necessitamos, algo que podemos receber como um dom dos nossos irmãos e irmãs. O grupo canadense que preparou os subsídios desta Semana de Oração não convidou as comunidades a pensarem naquilo que poderiam dar a seus vizinhos cristãos, mas os exortou a encontrar-se para entender aquilo que todos podem receber de tempos em tempos dos outros. Isso requer algo a mais. Requer muita oração, requer humildade, requer reflexão e contínua conversão. Sigamos adiante neste caminho, rezando pela unidade dos cristãos, para que este escândalo seja exterminado e não esteja mais entre nós.

Santa Sé

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Cultivar nossa humanidade



Desde o advento da ciência moderna no séc. XVII, que, não se pode negar, trouxe muitos benefícios para a humanidade, vivemos no contínuo perigo de nos deixar arrastar pela sensação de que tudo podemos, de que o homem é o único criador de si mesmo e de seu mundo.

É verdade que essa sensação de onipotência foi contraditada sobretudo pelas duas grandes guerras do séc. XX, que mostraram com intensidade o seu poder destruidor.

O homem que acreditava cegamente na ideologia iluminista do progresso irrevogável acabou por confrontar-se com seus limites, de modo especial com os limites que traz dentro de si, porque o homem não é somente capaz do bem; é também capaz do mal. Não é só criador, mas é também destruidor. E, nesse sentido, deve continuamente buscar forças que o purifiquem, afastando-o do mal e encaminhando-o para o bem.

Como quer que seja, o grande legado da revolução científica é a produção e o consumo de bens, o que coloca o mundo num dinamismo tal que a vida passa a ser regida fundamentalmente pelos interesses de mercado e a ser regulada pelo ativismo inerente a essa situação. Diz-se hoje em dia que o tempo passa depressa, mas, creio, não é o tempo que mudou o seu ritmo, e sim o homem que alterou sua percepção do tempo.

Dificilmente, o homem moderno tira um tempo para estar a sós consigo mesmo, para cultivar verdadeiras amizades, para contemplar a essência das coisas ou para cultivar o senso de transcendência que marca fundamentalmente a nossa humanidade. O tempo do homem de hoje se despende, sem ser fruído, no corre-corre do mundo da técnica e do capital. O homem atual é como que devorado pelo tempo que ele mesmo estabeleceu para si.

Mesmo um papa poderia cair na tentação do ativismo reinante. É curioso que Bento XVI, no seu livro-entrevista Luz do mundo, reconheça que o papa deve esforçar-se para não ceder e não achar que deva “trabalhar sem interrupção”. Diz o papa: “Não perder-se no ativismo significa manter a circunspecção, a penetração clarividente, a visão, o tempo da ponderação interior, do ver e tratar com as coisas, com Deus e sobre Deus. Não pensar que se deva trabalhar sem interrupção é importante para todos; por exemplo, para aquele que gerencia uma empresa, e tanto mais para um papa. Deve-se deixar muitas coisas nas mãos de outros para conservar a visão interior do conjunto, o recolhimento, do qual pode vir a visão do essencial.”

Saibamos cultivar melhor nossa humanidade e teremos abundância de vida.



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ORIENTAÇÕES PASTORAIS

O ministério da confissão

Que nas paróquias e comunidades haja sempre a possibilidade regular de confissão.
Que os ministros do sacramento da reconciliação exerçam com bondade, sabedoria e coragem este ministério (cf. Discurso do Papa João Paulo II aos participantes do Curso sobre o Foro Íntimo. L’Os. Rom., ed. Portuguesa, no. 14, 03 de abril de 2004, p. 3).


Obrigação da confissão

Os pastores lembrem aos fiéis a obrigação da confissão sacramental, pelo menos uma vez por ano.
Antes da primeira eucaristia e da confirmação, faça-se a confissão sacramental individual (cf. IRS 87). Para o sacramento do matrimônio, os párocos motivem os noivos a aproximarem-se do sacramento da reconciliação.

Local da confissão

O lugar próprio, sem ser exclusivo, para ouvir confissões é a igreja ou oratório. Mas nada impede que este sacramento seja celebrado em outros lugares, quando há uma causa razoável (cf. cân. 964,1).
Haja um espaço apropriado, preparado para essa finalidade e de fácil acesso (salas ou capelas), de modo que os fiéis se sintam convidados à prática do sacramento da reconciliação, num clima de abertura e diálogo.
O lugar onde se celebra este sacramento, dentro da igreja, deve ser visível. Existe obrigatoriedade do confessionário tradicional com grade para uso dos confessores que o desejarem e do fiel que deseje se confessar sem revelar sua identidade. É um direito que deve ser respeitado.

Preparação para a confissão

Compete à Igreja oferecer aos fiéis a devida formação e as condições necessárias, para que possam celebrar este sacramento.
Na medida do possível, a confissão individual seja precedida de uma preparação comunitária.
Os pastores aproveitem os tempos fortes, como a Quaresma, a Páscoa, o Advento e o Natal, para uma adequada catequese e preparação deste sacramento, servindo-se, para isso, do Rito da Penitência.
Nas paróquias e comunidades, é louvável que se organizem celebrações penitenciais com o objetivo de refletir sobre o compromisso batismal à luz da Palavra de Deus e conscientizar os fiéis sobre a relevância do sacramento da reconciliação.

Confissão individual dos pecados

A confissão deve ser individual e íntegra, isto é, manifestar o número e as espécies de pecados e também suas circunstâncias, pois, embora o pecado tenha conseqüências comunitárias e sociais, ele é sempre pessoal e individual (cf. cân. 960).
I. A confissão sacramental é o meio ordinário para a absolvição dos pecados graves cometidos após o batismo, mas é também aconselhável a confissão dos pecados veniais.
II. “Apesar de não ser estritamente necessária, a confissão das faltas cotidianas (pecados veniais) é vivamente recomendada pela Igreja. Com efeito, a confissão regular dos nossos pecados nos ajuda a formar a consciência, a lutar contra nossas más tendências, a ver-nos curados por Cristo, a progredir na vida do espírito. Recebendo mais freqüentemente, através deste sacramento, o dom da misericórdia do Pai, somos levados a ser misericordiosos como ele” (Catecismo da Igreja Católica, 1458).

Atendimento aos fiéis

Sejam estabelecidos horários adequados aos fiéis:
I. nas igrejas, deve ser sempre afixado o horário para atendimento das confissões, o qual deve estar de acordo com as condições e o tempo disponível dos penitentes;
II. haja ampla divulgação dos horários para atender aqueles que desejam confessar-se durante a semana ou antes das celebrações, sobretudo no domingo.
Que seja possibilitada aos fiéis a confissão de seus pecados antes da celebração da Eucaristia e, se necessário, até mesmo durante a celebração.
Nos tempos fortes do ano litúrgico, é louvável que os párocos, vigários paroquiais e outros sacerdotes se organizem em “mutirões”, para atenderem as confissões nas comunidades.

Absolvição simultânea de vários fiéis

A absolvição simultânea de vários fiéis só é permitida em “caráter excepcional”, em caso de iminente perigo de morte, sem tempo para que um ou mais sacerdotes ouçam as confissões de cada penitente (cf. cân. 961, §1,1o).
No caso de absolvição simultânea, a absolvição é apenas antecipada, e a confissão é adiada para um momento possível.
Cabe ao bispo, em cada diocese, e não ao confessor, determinar os casos de necessidade grave e julgar sobre a existência das condições requeridas para a absolvição simultânea (cf. cân. 961, §2).

Absolvição dos excomungados

Quanto à absolvição do aborto, note-se que existe a excomunhão latae sententiae (cf. cân. 1398), que, na legislação atual, é reservada ao ordinário do lugar, que determinará as modalidades em sua diocese.
Quanto à absolvição de um católico que passou para uma Igreja separada da comunhão plena, note-se a excomunhão, conforme os cânones 1364 e 751, por ser heresia:
I. Caso tenha havido ato formal, isto é, uma adesão oficial àquela comunidade, esta excomunhão é também reservada ao ordinário do lugar.
II. Se este católico vier a confessar-se, poderá ser absolvido graças à faculdade outorgada aos confessores.
III. Para estes dois casos, os cânones 1348 e 1358, §2 pedem que sejam impostas as devidas penitências pela gravidade do ato.
Não podem ser absolvidos os amasiados e os divorciados casados em segundas núpcias, quando o primeiro casamento foi celebrado na Igreja sem ser declarado nulo. Estes também não podem receber a eucaristia (cf. Familiaris Consortio, nº. 84; Reconciliatio et Paenitentia, nº. 34; Catecismo da Igreja Católica, 1650).

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O Valor da Família  

Família: vocação que transcende.

A família cristã tem hoje mais do que nunca, uma missão essencial e intransferível: ensinar e semear a fé. Uma fé que pregue a Jesus Cristo, amor e fundamento da comunidade eclesial e cristã.



 Os pais são os primeiros evangelizadores dos filhos, dom precioso do Criador (cf. Documento Pontifìcio Gaudium et Spes, n.50).  É obrigação dos pais instruírem seus filhos na vida de orações, na vivência dos sacramentos, e na motivação pela santidade. Com esses primeiros ladrilhos da fé, os filhos podem começar a edificar sua vida enraizado na vontade de Deus. Podem crescer nos valores humanos e cristãos que dão pleno sentido à vida.

             Os filhos são, sem dúvida alguma, o mais precioso dom do matrimônio e deles dependem em grandíssima parte a felicidade dos próprios pais. Deus mesmo disse: “... não é bom que o homem esteja só.” (Gn 2, 18) e abençoando o homem com a presença da mulher os exortou: “Sede fecundos e multiplicai-vos” (Gn 1, 28). Por isso, o amor conjugal e toda a vida que dele procede, “... tendem a que os esposos, com fortaleza de ânimo, estejam dispostos a colaborar com o amor do Criador e do Salvador, que por meio deles aumenta continuamente e enriquece a sua família (Gaudium et Spes,  n.50, § 1).

             Como pode um edifício permanecer firme se não está bem fundado? Desde esta perspectiva podemos contemplar a importância conservadora e vivificante que a família exerce em toda a sociedade. Hoje, em um ambiênte que ataca brutalmente os valores familiares, que degrada a essência do matrimônio, que despreza o verdadeiro sentido da vida, que promove a morte como saída de emergência dos problemas... é necessário a força que procede da família.... «os desvios seculares do matrimônio nunca podem ofuscar o esplendor de uma aliança vital fundamentada sobre a entrega generosa e o amor incondicional. A reta razão nos diz que "o futuro da humanidade passa pela família» (cf. Exortação Apostólica Familiaris consortio, 86)


            A família é a esperança do mundo. É a educadora da verdade. A guia verdadeira da felicidade. A sociedade urge que as famílias semeiem os princípios morais e cristãos em todos os seus membros, pois Deus tem destinado à família uma vocação que transcende todas  as outras, a vocação de ensinar a viver.


            O amor de Deus pela família é tanto, que Cristo quis nascer e crescer no seio da Sagrada Família da qual recebeu todo o amor, temor de Deus e educação nos princípios religiosos e morais. Segundo uma antiga expressão, o Concílio Vaticano II declara a família: “Ecclesia domestica”- Igreja domestica- (Documento Pontifício Lumen Gentium n.11). Além disso, o Catecismo afirma que a Igreja não é outra coisa que a família de Deus.       

 
            Sendo a família a sustentadora de uma sociedade reta e amante de Deus, seus membros devem lutar para defendê-la dos ataques agresivos e destrutores do mundo. Lutar contra o sofisma e o relativismo que descarta os verdadeiros valores cristãos e fundamentais da dignidade familiar.



Fonte http://www.portalcatolico.org.br
 
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Por que o ateísmo é tão comum nas universidades? Pe. Paulo Ricardo.




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A indissolubilidade do Matrimônio, reflexo do amor total de Cristo

 A Igreja não pode renunciar à sua missão de acordar a consciência dos povos e chamar os casais ao sacrifício da Cruz e à salvação

Parece comum, em nossa época, uma tendência a separar o amor da verdade, como se aquele fosse "um sentimento que vai e vem", e não uma realidade concreta, destinada a "superar o instante efêmero e permanecer firme para sustentar um caminho comum" (cf. Lumen Fidei, n. 27). As obras literárias, os filmes, novelas e seriados produzidos em larga escala e distribuídos ao grande público ajudam a promover esta "cultura do provisório": exaltam-se personagens do tipo "solteironas", "muito ocupadas em não fazer nada" (2 Ts 3, 11); modelam-se jovens sem perspectiva, dados a "aproveitar" a vida ao máximo, e adultos frustrados, cujo script se resume ou a um casamento infeliz ou a uma vida de traição e mentira. O cenário, assistido e copiado por muitos, parece indicar a impossibilidade de um relacionamento por toda a vida, de uma entrega definitiva, que nos comprometa totalmente e envolva toda a nossa existência.

O Catecismo da Igreja Católica reconhece que "pode parecer difícil, e até impossível, ligar-se por toda a vida a um ser humano". No entanto, a Igreja não pode renunciar à sua missão de acordar a consciência dos povos e, ao mesmo tempo, chamar os homens à salvação e à felicidade. A teologia do sacramento do Matrimônio deve ser lida a partir do amor total que nosso Senhor demonstrou no sacrifício da Cruz, como indica o próprio São Paulo: "Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela" (Ef 5, 25). Ora, é inconcebível que o amor de Cristo seja passível de negociação. Do mesmo modo, a aliança firmada entre um homem e uma mulher, com a intenção de criar e educar os filhos, não pode ser quebrada, como quando se prevê o divórcio legal ou dispositivos para facilitá-lo.

Neste ponto, muitas vezes, a Igreja é acusada de não acompanhar o zeitgeist (o espírito do tempo) ou a marcha da história. Como se ela fosse uma instituição meramente humana ou um vendedor à procura de clientes. Mas, afinal, a quem a Igreja deve servir: aos homens ou ao Evangelho? Quando Jesus falou da indissolubilidade do Matrimônio, foi categórico: "não separe o homem o que Deus uniu" (Mt 19, 6); a Igreja, fiel à palavra de Cristo, não pode simplesmente alterar esta doutrina ou anunciar realidade diferente desta. Como disse o Papa Bento XVI, em entrevista ao jornalista Peter Seewald, "o matrimônio contraído na fé é indissolúvel. É uma palavra que não pode ser manipulada: devemos mantê-la intacta, mesmo que contradiga os estilos de vida dominantes hoje".

Estes "estilos de vida dominantes" são impulsionados pela própria legislação civil, quando admite juridicamente o rompimento do vínculo conjugal. Os propugnadores do divórcio dizem ser esta uma questão do foro íntimo dos indivíduos, que devem ter reconhecido o seu direito a alterar o "contrato" do casamento. Aqui, sem entrar pormenorizadamente nas angústias e dificuldades específicas de cada relacionamento, prevalece, em maior parte, uma escolha egoística, hedonista. O casal é tentado a pensar em si, em seu conforto, em sua carreira, em seu ego ferido; do lado, porém, de tantos conflitos, estão os filhos, cuja dignidade se vê ameaçada pela decisão arbitrária de seus pais. De fato, não são poucas as crianças e adolescentes que veem seu desenvolvimento humano e afetivo comprometido pela separação e dissolução do casamento de seus pais.

Não menos dolorosa é a situação dos casais que vivem em segunda união. Bento XVI reconheceu tratar-se "dum problema pastoral espinhoso e complexo, uma verdadeira chagado ambiente social contemporâneo que vai progressivamente corroendo os próprios ambientes católicos". Nesta dimensão, ao lado de recordar que o homem não pode separar o que Deus uniu, a Igreja acolhe a súplica de seus filhos e os convida a viver quotidianamente sua vocação, se não possível por meio da comunhão eucarística, pelo menos através da oração, da penitência e da educação cristã de seus filhos. Afinal, ao lado de lutar contra o erro e o pecado, a Igreja tem ciência de sua missão de anunciar o Evangelho e buscar a salvação de toda criatura.
Fonte : http://padrepauloricardo.org/blog

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Namoro e consequência


Por ocasião do mês dos namorados, sai uma tirinha que nos ajudará a refletir um pouco sobre o significado do namoro para nós católicos.

O que é o namoro? Vou deixar que D. Manoel Pestana Filho – Antigo Bispo de Anápolis – responda a esta pergunta: “O namoro é um período de preparação ao noivado, que deve dar ao jovem e à moça a possibilidade de descobrir que não haja entre eles incompatibilidade para uma vida no casamento”. “Entende-se por namoro o tempo no qual um jovem e uma moça, movidos por intenções retas, frequentam-se com o escopo de conhecer-se para um eventual futuro casamento.” (D. Manoel Pestana – Igreja Doméstica, pág. 45).
 
Uma forma clara de mostrar que tem retas intenções é a vivência da castidade, preservando desta forma, algo que está reservado único e exclusivamente ao casamento. A castidade é essencial para um namoro bem sucedido e sob o olhar de Deus.

“A castidade é a virtude moral ligada à temperança que regula o comportamento do homem no que diz respeito ao instinto sexual, assegurando os altos objetivos que Deus lhe deu”. (Igreja Doméstica pág. 24)
“A castidade comporta uma aprendizagem do domínio de si, que é uma pedagogia da liberdade humana. A alternativa é clara: ou o homem comanda suas paixões e obtém a paz, ou se deixa subjugar por elas e se torna infeliz.” (CIC N°2339).

D. Manoel Pestana Filho em seu livro “Igreja Doméstica” diz que a castidade é virtude dos fortes: “É evidente que não se trata de fortaleza física (Maria Goretti, mártir da castidade, fortíssima na luta para não ofender a Deus, era fisicamente muito débil), mas sim de fortaleza, virtude moral, fortaleza que vem de Deus, e que se obtém com o recurso frequente à oração, à mortificação e aos sacramentos, com observância de uma conveniente higiene e com a educação da vontade, isto é com a autodisciplina.” (Igreja Doméstica, pág. 25)

“Todo batizado é chamado à castidade. O cristão ‘se vestiu de Cristo’, modelo de toda castidade. Todos os fiéis de Cristo são chamados a levar uma vida casta segundo seu específico estado de vida. No momento do Batismo, o cristão se comprometeu a viver sua afetividade na castidade.” (CIC 2348).

No Catecismo da Igreja Católica (CIC) encontramos muitos conselhos sobre o tema, vou deixar que ele nos fale mais um pouco: “A pessoa casta mantém a integridade das forças vitais e de amor depositadas nela. Esta integridade garante a unidade da pessoa e se opõe a todo comportamento que venha feri-la; não tolera nem a vida dupla, nem a linguagem dupla.” (CIC 2338)
“A castidade é uma virtude moral. É também um dom de Deus, uma graça, um fruto da obra espiritual. O Espírito Santo concede o dom de imitar a pureza de Cristo àquele que foi regenerado pela água do Batismo.” (CIC 2345)

A castidade leva aquele que a pratica a tornar-se para o próximo uma testemunha da fidelidade e da ternura de Deus. (CIC 2346)

Difícil falar da castidade sem falar do pudor. Enquanto a castidade está ligada à temperança, o pudor é parte integrante da temperança e está ordenado à castidade.

“A pureza exige o pudor. Este é uma parte integrante da temperança. O pudor preserva a intimidade da pessoa. Consiste na recusa de mostrar aquilo que deve ficar escondido. Está ordenado à castidade, exprimindo sua delicadeza. Orienta os olhares e os gestos em conformidade com a dignidade das pessoas e de sua união.” (CIC 2521)

“O pudor protege o mistério das pessoas e de seu amor. Convida à paciência e à moderação na relação amorosa; pede que sejam cumpridas as condições de doação do compromisso definitivo do homem e da mulher entre si.” (CIC 2522).

D. Manoel Pestana Filho lista para nós como se manifesta o pudor cristão:
“a) Previne o perigo que ameaça; b) impede de expor-se a ele; c) não se compraz com palavras torpes ou menos honestas; d) aborrece a mais leve imodéstia; e) afasta-se da familiaridade suspeita com pessoas do outro sexo ou do mesmo sexo; f) tem horror a qualquer pecado de impureza; g) e retira-se ao primeiro assomo da sedução.” (Igreja Doméstica, pág. 25)

“A pureza do coração exige o pudor, que é paciência, modéstia e discrição. O pudor preserva a intimidade da pessoa.” (CIC 2533)
Vou ainda acrescentar dois trechos que D. Manoel Pestana retirou de um livro chamado “Ilustríssimos Senhores” de Albino Luciani (Papa João Paulo I), são cartas dirigidas a um jovem e à sua eventual namorada, acredito ser bastante útil aos leitores.

“Sobre este assunto (do namoro) há quem proponha hoje uma moral largamente permissiva. Embora admitindo que, no passado, houve demasiada rigidez em certos pontos, os jovens não deviam aceitar tal permissividade: o amor deles deve ser amor com A maiúsculo, belo como uma flor, precioso como uma joia e não vulgar como um fundo de copo.

Oportuno será que aceitem impor-se algum sacrifício e manter-se afastados de pessoas, lugares e divertimentos que são para eles ocasião de praticar o mal. Você dirá: ‘Não tem confiança em mim?’ Sim, temos confiança, mas não é falta de confiança lembrar que todos estamos expostos a tentações; e é amor arredar do seu caminho pelo menos as tentações desnecessárias. Veja os motoristas: encontram pela frente a polícia, o semáforo, as faixas brancas, a contramão, a proibição de estacionar, coisas estas que parecem, à primeira vista, impertinências e limitações contra o motorista, quando pelo contrário, são em favor o motorista, pois o ajudam a guiar com mais segurança e prazer! E, caso um dia tenha uma namorada – seja Shepherd, Larkins ou Dora, tanto faz – respeite-! Defenda-a contra si mesmo. Quer que ela se conserve intacta para você? E justo, mas você faça outro tanto por ela e não ligue para certos amigos, que contam suas proezas, vangloriando-se e pensando ser super-homens devido a suas aventuras com mulheres. Forte e verdadeiro super-homem é o que sabe dominar a si mesmo e se insere no grupo de jovens que formam a aristocracia das almas.
Durante o noivado, o amor deve procurar não prazer sensual, mas a alegria espiritual e sensível porque manifestado de maneira afetuosa, sim, mas correta e digna!”

“Querida Dora (ou Mis Larkins ou Shepherd que seja) diz a mãe dela – permita que lhe recorde uma lei biológica. A moça, geralmente, tem mis domínio de si do que o rapaz, na esfera sexual. Se o homem é mais forte fisicamente, a mulher o é espiritualmente; até parece que Deus resolveu fazer depender a bondade do homem da bondade da mulher; amanhã dependerão de você a alma de seu marido e dos seus filhos; hoje, a dos seus amigo e do seu namorado. Precisa, portanto, ter bom senso por dois, a saber, dizer não a certas coisas, mesmo quando tudo parece convidar para o sim. O próprio namorado, se for bom, em seus melhores momentos, ser-lhe-á agradecido e dirá consigo mesmo: ‘A minha Dora estava certa; ela tem consciência e lhe obedece; amanhã ser-me-á fiel!’ A namorada fácil demais, pelo contrário, não oferece a mesma garantia, e corre o perigo de desacreditar-se desde já, com uma aquiescência desabusada, semiperigosa, donde brotatão no futuro ciúmes e suspeitas de parte do marido”. (Igreja Doméstica, páginas: 46 e 47).

Embora algumas pessoas não acreditem, o namoro é coisa séria. E deve ser levado a sério pelos os dois que se namoram, quando isso não acontece, o mais indicado neste caso é o término. Vou deixar que o Bispo esclareça isso: “Neste caso a jovem ou o jovem cristão lembrando que o amor é uma coisa grande séria, e que considera-lo como brincadeira significa profana-lo, deve afastar-se em boa e santa paz, mesmo que isso possa exigir sacrifício. A duração do namoro deve ser mínima: ou existem de ambas as partes intenções sérias e passa-se ao noivado; ou de uma parte considera-se o namoro como um jogo, e a outra parte tem o dever grave de romper o relacionamento porque o amor como jogo, é jogo perigoso!” ( Igreja Doméstica, pág. 46)
"Sem levar a sério o namoro não será possível construir um casamento sólido e uma família forte" Prof. Felipe Aquino - Família, Santuário da Vida.

Viver a castidade nos dias de hoje, onde tudo contribui para o pecado, não é algo fácil, trata-se de um grande combate do qual os católicos só sairão vitoriosos com MUITA ORAÇÃO, com o auxílio da graça e com uma grande devoção à Nossa Senhora - Rainha da pureza.
“A castidade, que é uma virtude salutar e benéfica para o equilíbrio humano, supõe: a) a oração e a mortificação (Mt 17, 21); b) a fuga das ocasiões de pecado (2Tm 2,22); c) o pudor, que é a defesa natural da virtude (Ef 5,3); d) o uso dos sacramentos da confissão e comunhão; e) a devoção à Nossa Senhora.”

(FILHO, Dom Manoel Pestana. Igreja Doméstica. São Paulo: Edições Loyola, 1980).
Indico que leiam mais no Catecismo e que procurem por este livro citado acima, infelizmente acho que só encontrarão em algumas sebos.

Salve Maria!


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