Catequese com o Papa
Francisco
Praça
São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
Queridos
irmão e irmãs,
Sábado
passado iniciou-se a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que se
concluirá sábado próximo, festa da conversão de São Paulo apóstolo. Esta
iniciativa espiritual, mais do que nunca preciosa, envolve as comunidades
cristãs há mais de cem anos. Trata-se de um tempo dedicado à oração pela
unidade de todos os batizados, segundo a vontade de Cristo: “que todos sejam
um” (Jo 17, 21). Todos os anos, um grupo ecumênico de uma região do mundo, sob
a condução do Conselho Ecumênico das Igrejas e do Pontifício Conselho para a
Promoção da Unidade dos Cristãos, sugere um tema e prepara subsídios para a
Semana de Oração. Este ano, tais subsídios são provenientes das Igrejas e
comunidades eclesiais do Canadá, e fazem referência à pergunta dirigida por
Paulo aos cristãos de Corinto: “Então estaria Cristo dividido?” (1 Cor 1, 13).
Certamente
Cristo não está dividido. Mas devemos reconhecer sinceramente e com dor que as
nossas comunidades continuam a viver divisões que são um escândalo. As divisões
entre nós cristãos são um escândalo. Não há outra palavra: um escândalo. “Cada
um de vós – escrevia o apóstolo – diz: “Eu sou de Paulo”, “Eu sou de Apolo”, “E
eu de Cefas”, “E eu de Cristo”” (1, 12). Mesmo aqueles que professavam Cristo
como seu líder não são aplaudidos por Paulo, porque usavam o nome de Cristo
para separar-se dos outros dentro da comunidade cristã. Mas o nome de Cristo
cria comunhão e unidade, não divisão! Ele veio para fazer comunhão entre nós,
não para dividir-nos. O Batismo e a Cruz são elementos centrais do discipulado
cristão que temos em comum. As divisões, em vez disso, enfraquecem a
credibilidade e a eficácia do nosso compromisso de evangelização e arriscam
esvaziar a Cruz do seu poder (cfr 1,17).
Paulo
repreende os coríntios pelas suas disputas, mas também dá graças ao Senhor “por
causa da graça de Deus que vos foi dada em Cristo Jesus, porque Nele fostes
enriquecidos de todos os dons, aqueles da palavra e aqueles do conhecimento”
(1, 4-5). Estas palavras de Paulo não são uma simples formalidade, mas o sinal
que ele vê antes de tudo – e disto se alegra sinceramente – os dons feitos por
Deus à comunidade. Esta atitude do Apóstolo é um encorajamento para nós e para
cada comunidade cristã a reconhecer com alegria os dons de Deus presentes nas
outras comunidades. Apesar do sofrimento das divisões, que infelizmente ainda
permanecem, acolhemos as palavras de Paulo como um convite a alegrar-nos
sinceramente pelas graças concedidas por Deus a outros cristãos. Temos o mesmo
Batismo, o mesmo Espírito Santo que nos deu a Graça: reconheçamos isso e nos
alegremos.
É
belo reconhecer a graça com a qual Deus nos abençoa e, ainda mais, encontrar
nos outros cristãos algo de que necessitamos, algo que podemos receber como um
dom dos nossos irmãos e irmãs. O grupo canadense que preparou os subsídios
desta Semana de Oração não convidou as comunidades a pensarem naquilo que
poderiam dar a seus vizinhos cristãos, mas os exortou a encontrar-se para
entender aquilo que todos podem receber de tempos em tempos dos outros. Isso
requer algo a mais. Requer muita oração, requer humildade, requer reflexão e
contínua conversão. Sigamos adiante neste caminho, rezando pela unidade dos
cristãos, para que este escândalo seja exterminado e não esteja mais entre nós.
Santa Sé
______________________________________________________________________
Cultivar nossa
humanidade
Desde o advento da
ciência moderna no séc. XVII, que, não se pode negar, trouxe muitos benefícios
para a humanidade, vivemos no contínuo perigo de nos deixar arrastar pela
sensação de que tudo podemos, de que o homem é o único criador de si mesmo e de
seu mundo.
É verdade que essa sensação de onipotência foi contraditada sobretudo pelas
duas grandes guerras do séc. XX, que mostraram com intensidade o seu poder
destruidor.
O homem que acreditava cegamente na ideologia iluminista do progresso
irrevogável acabou por confrontar-se com seus limites, de modo especial com os
limites que traz dentro de si, porque o homem não é somente capaz do bem; é
também capaz do mal. Não é só criador, mas é também destruidor. E, nesse
sentido, deve continuamente buscar forças que o purifiquem, afastando-o do mal
e encaminhando-o para o bem.
Como quer que seja, o grande legado da revolução científica é a produção e o
consumo de bens, o que coloca o mundo num dinamismo tal que a vida passa a ser
regida fundamentalmente pelos interesses de mercado e a ser regulada pelo
ativismo inerente a essa situação. Diz-se hoje em dia que o tempo passa
depressa, mas, creio, não é o tempo que mudou o seu ritmo, e sim o homem que
alterou sua percepção do tempo.
Dificilmente, o homem moderno tira um tempo para estar a sós consigo mesmo,
para cultivar verdadeiras amizades, para contemplar a essência das coisas ou
para cultivar o senso de transcendência que marca fundamentalmente a nossa
humanidade. O tempo do homem de hoje se despende, sem ser fruído, no
corre-corre do mundo da técnica e do capital. O homem atual é como que devorado
pelo tempo que ele mesmo estabeleceu para si.
Mesmo um papa poderia cair na tentação do ativismo reinante. É curioso que
Bento XVI, no seu livro-entrevista Luz do mundo, reconheça que o papa deve
esforçar-se para não ceder e não achar que deva “trabalhar sem interrupção”.
Diz o papa: “Não perder-se no ativismo significa manter a circunspecção, a
penetração clarividente, a visão, o tempo da ponderação interior, do ver e
tratar com as coisas, com Deus e sobre Deus. Não pensar que se deva trabalhar
sem interrupção é importante para todos; por exemplo, para aquele que gerencia
uma empresa, e tanto mais para um papa. Deve-se deixar muitas coisas nas mãos
de outros para conservar a visão interior do conjunto, o recolhimento, do qual
pode vir a visão do essencial.”
Saibamos cultivar melhor nossa humanidade e teremos abundância de vida.
________________________________________________________________________
ORIENTAÇÕES PASTORAIS
Que nas paróquias e
comunidades haja sempre a possibilidade regular de confissão.
Que os ministros do
sacramento da reconciliação exerçam com bondade, sabedoria e coragem este
ministério (cf. Discurso do Papa João Paulo II aos participantes do Curso sobre
o Foro Íntimo. L’Os. Rom., ed. Portuguesa, no. 14, 03 de abril de 2004, p. 3).
Obrigação da
confissão
Os pastores lembrem
aos fiéis a obrigação da confissão sacramental, pelo menos uma vez por ano.
Antes da primeira
eucaristia e da confirmação, faça-se a confissão sacramental individual (cf.
IRS 87). Para o sacramento do matrimônio, os párocos motivem os noivos a
aproximarem-se do sacramento da reconciliação.
Local da confissão
O lugar próprio, sem
ser exclusivo, para ouvir confissões é a igreja ou oratório. Mas nada impede
que este sacramento seja celebrado em outros lugares, quando há uma causa
razoável (cf. cân. 964,1).
Haja um espaço
apropriado, preparado para essa finalidade e de fácil acesso (salas ou
capelas), de modo que os fiéis se sintam convidados à prática do sacramento da
reconciliação, num clima de abertura e diálogo.
O lugar onde se
celebra este sacramento, dentro da igreja, deve ser visível. Existe
obrigatoriedade do confessionário tradicional com grade para uso dos
confessores que o desejarem e do fiel que deseje se confessar sem revelar sua
identidade. É um direito que deve ser respeitado.
Preparação para a
confissão
Compete à Igreja
oferecer aos fiéis a devida formação e as condições necessárias, para que
possam celebrar este sacramento.
Na medida do
possível, a confissão individual seja precedida de uma preparação comunitária.
Os pastores
aproveitem os tempos fortes, como a Quaresma, a Páscoa, o Advento e o Natal,
para uma adequada catequese e preparação deste sacramento, servindo-se, para
isso, do Rito da Penitência.
Nas paróquias e
comunidades, é louvável que se organizem celebrações penitenciais com o
objetivo de refletir sobre o compromisso batismal à luz da Palavra de Deus e
conscientizar os fiéis sobre a relevância do sacramento da reconciliação.
Confissão individual
dos pecados
A confissão deve ser
individual e íntegra, isto é, manifestar o número e as espécies de pecados e
também suas circunstâncias, pois, embora o pecado tenha conseqüências
comunitárias e sociais, ele é sempre pessoal e individual (cf. cân. 960).
I. A confissão
sacramental é o meio ordinário para a absolvição dos pecados graves cometidos
após o batismo, mas é também aconselhável a confissão dos pecados veniais.
II. “Apesar de não
ser estritamente necessária, a confissão das faltas cotidianas (pecados
veniais) é vivamente recomendada pela Igreja. Com efeito, a confissão regular
dos nossos pecados nos ajuda a formar a consciência, a lutar contra nossas más
tendências, a ver-nos curados por Cristo, a progredir na vida do espírito.
Recebendo mais freqüentemente, através deste sacramento, o dom da misericórdia
do Pai, somos levados a ser misericordiosos como ele” (Catecismo da Igreja
Católica, 1458).
Atendimento aos fiéis
Sejam estabelecidos
horários adequados aos fiéis:
I. nas igrejas, deve
ser sempre afixado o horário para atendimento das confissões, o qual deve estar
de acordo com as condições e o tempo disponível dos penitentes;
II. haja ampla
divulgação dos horários para atender aqueles que desejam confessar-se durante a
semana ou antes das celebrações, sobretudo no domingo.
Que seja
possibilitada aos fiéis a confissão de seus pecados antes da celebração da
Eucaristia e, se necessário, até mesmo durante a celebração.
Nos tempos fortes do
ano litúrgico, é louvável que os párocos, vigários paroquiais e outros
sacerdotes se organizem em “mutirões”, para atenderem as confissões nas
comunidades.
Absolvição simultânea
de vários fiéis
A absolvição
simultânea de vários fiéis só é permitida em “caráter excepcional”, em caso de
iminente perigo de morte, sem tempo para que um ou mais sacerdotes ouçam as
confissões de cada penitente (cf. cân. 961, §1,1o).
No caso de absolvição
simultânea, a absolvição é apenas antecipada, e a confissão é adiada para um
momento possível.
Cabe ao bispo, em
cada diocese, e não ao confessor, determinar os casos de necessidade grave e
julgar sobre a existência das condições requeridas para a absolvição simultânea
(cf. cân. 961, §2).
Absolvição dos
excomungados
Quanto à absolvição
do aborto, note-se que existe a excomunhão latae sententiae (cf. cân. 1398),
que, na legislação atual, é reservada ao ordinário do lugar, que determinará as
modalidades em sua diocese.
Quanto à absolvição
de um católico que passou para uma Igreja separada da comunhão plena, note-se a
excomunhão, conforme os cânones 1364 e 751, por ser heresia:
I. Caso tenha havido
ato formal, isto é, uma adesão oficial àquela comunidade, esta excomunhão é
também reservada ao ordinário do lugar.
II. Se este católico
vier a confessar-se, poderá ser absolvido graças à faculdade outorgada aos
confessores.
III. Para estes dois
casos, os cânones 1348 e 1358, §2 pedem que sejam impostas as devidas
penitências pela gravidade do ato.
Não podem ser absolvidos
os amasiados e os divorciados casados em segundas núpcias, quando o primeiro
casamento foi celebrado na Igreja sem ser declarado nulo. Estes também não
podem receber a eucaristia (cf. Familiaris Consortio, nº. 84; Reconciliatio et
Paenitentia, nº. 34; Catecismo da Igreja Católica, 1650).
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Catequese com o Papa
Francisco
Praça
São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
Quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
Queridos
irmão e irmãs,
Sábado
passado iniciou-se a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que se
concluirá sábado próximo, festa da conversão de São Paulo apóstolo. Esta
iniciativa espiritual, mais do que nunca preciosa, envolve as comunidades
cristãs há mais de cem anos. Trata-se de um tempo dedicado à oração pela
unidade de todos os batizados, segundo a vontade de Cristo: “que todos sejam
um” (Jo 17, 21). Todos os anos, um grupo ecumênico de uma região do mundo, sob
a condução do Conselho Ecumênico das Igrejas e do Pontifício Conselho para a
Promoção da Unidade dos Cristãos, sugere um tema e prepara subsídios para a
Semana de Oração. Este ano, tais subsídios são provenientes das Igrejas e
comunidades eclesiais do Canadá, e fazem referência à pergunta dirigida por
Paulo aos cristãos de Corinto: “Então estaria Cristo dividido?” (1 Cor 1, 13).
Certamente
Cristo não está dividido. Mas devemos reconhecer sinceramente e com dor que as
nossas comunidades continuam a viver divisões que são um escândalo. As divisões
entre nós cristãos são um escândalo. Não há outra palavra: um escândalo. “Cada
um de vós – escrevia o apóstolo – diz: “Eu sou de Paulo”, “Eu sou de Apolo”, “E
eu de Cefas”, “E eu de Cristo”” (1, 12). Mesmo aqueles que professavam Cristo
como seu líder não são aplaudidos por Paulo, porque usavam o nome de Cristo
para separar-se dos outros dentro da comunidade cristã. Mas o nome de Cristo
cria comunhão e unidade, não divisão! Ele veio para fazer comunhão entre nós,
não para dividir-nos. O Batismo e a Cruz são elementos centrais do discipulado
cristão que temos em comum. As divisões, em vez disso, enfraquecem a
credibilidade e a eficácia do nosso compromisso de evangelização e arriscam
esvaziar a Cruz do seu poder (cfr 1,17).
Paulo
repreende os coríntios pelas suas disputas, mas também dá graças ao Senhor “por
causa da graça de Deus que vos foi dada em Cristo Jesus, porque Nele fostes
enriquecidos de todos os dons, aqueles da palavra e aqueles do conhecimento”
(1, 4-5). Estas palavras de Paulo não são uma simples formalidade, mas o sinal
que ele vê antes de tudo – e disto se alegra sinceramente – os dons feitos por
Deus à comunidade. Esta atitude do Apóstolo é um encorajamento para nós e para
cada comunidade cristã a reconhecer com alegria os dons de Deus presentes nas
outras comunidades. Apesar do sofrimento das divisões, que infelizmente ainda
permanecem, acolhemos as palavras de Paulo como um convite a alegrar-nos
sinceramente pelas graças concedidas por Deus a outros cristãos. Temos o mesmo
Batismo, o mesmo Espírito Santo que nos deu a Graça: reconheçamos isso e nos
alegremos.
É
belo reconhecer a graça com a qual Deus nos abençoa e, ainda mais, encontrar
nos outros cristãos algo de que necessitamos, algo que podemos receber como um
dom dos nossos irmãos e irmãs. O grupo canadense que preparou os subsídios
desta Semana de Oração não convidou as comunidades a pensarem naquilo que
poderiam dar a seus vizinhos cristãos, mas os exortou a encontrar-se para
entender aquilo que todos podem receber de tempos em tempos dos outros. Isso
requer algo a mais. Requer muita oração, requer humildade, requer reflexão e
contínua conversão. Sigamos adiante neste caminho, rezando pela unidade dos
cristãos, para que este escândalo seja exterminado e não esteja mais entre nós.
Santa Sé
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Cultivar nossa
humanidade
Desde o advento da
ciência moderna no séc. XVII, que, não se pode negar, trouxe muitos benefícios
para a humanidade, vivemos no contínuo perigo de nos deixar arrastar pela
sensação de que tudo podemos, de que o homem é o único criador de si mesmo e de
seu mundo.
É verdade que essa sensação de onipotência foi contraditada sobretudo pelas duas grandes guerras do séc. XX, que mostraram com intensidade o seu poder destruidor.
O homem que acreditava cegamente na ideologia iluminista do progresso irrevogável acabou por confrontar-se com seus limites, de modo especial com os limites que traz dentro de si, porque o homem não é somente capaz do bem; é também capaz do mal. Não é só criador, mas é também destruidor. E, nesse sentido, deve continuamente buscar forças que o purifiquem, afastando-o do mal e encaminhando-o para o bem.
Como quer que seja, o grande legado da revolução científica é a produção e o consumo de bens, o que coloca o mundo num dinamismo tal que a vida passa a ser regida fundamentalmente pelos interesses de mercado e a ser regulada pelo ativismo inerente a essa situação. Diz-se hoje em dia que o tempo passa depressa, mas, creio, não é o tempo que mudou o seu ritmo, e sim o homem que alterou sua percepção do tempo.
Dificilmente, o homem moderno tira um tempo para estar a sós consigo mesmo, para cultivar verdadeiras amizades, para contemplar a essência das coisas ou para cultivar o senso de transcendência que marca fundamentalmente a nossa humanidade. O tempo do homem de hoje se despende, sem ser fruído, no corre-corre do mundo da técnica e do capital. O homem atual é como que devorado pelo tempo que ele mesmo estabeleceu para si.
Mesmo um papa poderia cair na tentação do ativismo reinante. É curioso que Bento XVI, no seu livro-entrevista Luz do mundo, reconheça que o papa deve esforçar-se para não ceder e não achar que deva “trabalhar sem interrupção”. Diz o papa: “Não perder-se no ativismo significa manter a circunspecção, a penetração clarividente, a visão, o tempo da ponderação interior, do ver e tratar com as coisas, com Deus e sobre Deus. Não pensar que se deva trabalhar sem interrupção é importante para todos; por exemplo, para aquele que gerencia uma empresa, e tanto mais para um papa. Deve-se deixar muitas coisas nas mãos de outros para conservar a visão interior do conjunto, o recolhimento, do qual pode vir a visão do essencial.”
Saibamos cultivar melhor nossa humanidade e teremos abundância de vida.
É verdade que essa sensação de onipotência foi contraditada sobretudo pelas duas grandes guerras do séc. XX, que mostraram com intensidade o seu poder destruidor.
O homem que acreditava cegamente na ideologia iluminista do progresso irrevogável acabou por confrontar-se com seus limites, de modo especial com os limites que traz dentro de si, porque o homem não é somente capaz do bem; é também capaz do mal. Não é só criador, mas é também destruidor. E, nesse sentido, deve continuamente buscar forças que o purifiquem, afastando-o do mal e encaminhando-o para o bem.
Como quer que seja, o grande legado da revolução científica é a produção e o consumo de bens, o que coloca o mundo num dinamismo tal que a vida passa a ser regida fundamentalmente pelos interesses de mercado e a ser regulada pelo ativismo inerente a essa situação. Diz-se hoje em dia que o tempo passa depressa, mas, creio, não é o tempo que mudou o seu ritmo, e sim o homem que alterou sua percepção do tempo.
Dificilmente, o homem moderno tira um tempo para estar a sós consigo mesmo, para cultivar verdadeiras amizades, para contemplar a essência das coisas ou para cultivar o senso de transcendência que marca fundamentalmente a nossa humanidade. O tempo do homem de hoje se despende, sem ser fruído, no corre-corre do mundo da técnica e do capital. O homem atual é como que devorado pelo tempo que ele mesmo estabeleceu para si.
Mesmo um papa poderia cair na tentação do ativismo reinante. É curioso que Bento XVI, no seu livro-entrevista Luz do mundo, reconheça que o papa deve esforçar-se para não ceder e não achar que deva “trabalhar sem interrupção”. Diz o papa: “Não perder-se no ativismo significa manter a circunspecção, a penetração clarividente, a visão, o tempo da ponderação interior, do ver e tratar com as coisas, com Deus e sobre Deus. Não pensar que se deva trabalhar sem interrupção é importante para todos; por exemplo, para aquele que gerencia uma empresa, e tanto mais para um papa. Deve-se deixar muitas coisas nas mãos de outros para conservar a visão interior do conjunto, o recolhimento, do qual pode vir a visão do essencial.”
Saibamos cultivar melhor nossa humanidade e teremos abundância de vida.
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ORIENTAÇÕES PASTORAIS
Que nas paróquias e
comunidades haja sempre a possibilidade regular de confissão.
Que os ministros do
sacramento da reconciliação exerçam com bondade, sabedoria e coragem este
ministério (cf. Discurso do Papa João Paulo II aos participantes do Curso sobre
o Foro Íntimo. L’Os. Rom., ed. Portuguesa, no. 14, 03 de abril de 2004, p. 3).
Obrigação da
confissão
Os pastores lembrem
aos fiéis a obrigação da confissão sacramental, pelo menos uma vez por ano.
Antes da primeira
eucaristia e da confirmação, faça-se a confissão sacramental individual (cf.
IRS 87). Para o sacramento do matrimônio, os párocos motivem os noivos a
aproximarem-se do sacramento da reconciliação.
Local da confissão
O lugar próprio, sem
ser exclusivo, para ouvir confissões é a igreja ou oratório. Mas nada impede
que este sacramento seja celebrado em outros lugares, quando há uma causa
razoável (cf. cân. 964,1).
Haja um espaço
apropriado, preparado para essa finalidade e de fácil acesso (salas ou
capelas), de modo que os fiéis se sintam convidados à prática do sacramento da
reconciliação, num clima de abertura e diálogo.
O lugar onde se
celebra este sacramento, dentro da igreja, deve ser visível. Existe
obrigatoriedade do confessionário tradicional com grade para uso dos
confessores que o desejarem e do fiel que deseje se confessar sem revelar sua
identidade. É um direito que deve ser respeitado.
Preparação para a
confissão
Compete à Igreja
oferecer aos fiéis a devida formação e as condições necessárias, para que
possam celebrar este sacramento.
Na medida do
possível, a confissão individual seja precedida de uma preparação comunitária.
Os pastores
aproveitem os tempos fortes, como a Quaresma, a Páscoa, o Advento e o Natal,
para uma adequada catequese e preparação deste sacramento, servindo-se, para
isso, do Rito da Penitência.
Nas paróquias e
comunidades, é louvável que se organizem celebrações penitenciais com o
objetivo de refletir sobre o compromisso batismal à luz da Palavra de Deus e
conscientizar os fiéis sobre a relevância do sacramento da reconciliação.
Confissão individual
dos pecados
A confissão deve ser
individual e íntegra, isto é, manifestar o número e as espécies de pecados e
também suas circunstâncias, pois, embora o pecado tenha conseqüências
comunitárias e sociais, ele é sempre pessoal e individual (cf. cân. 960).
I. A confissão
sacramental é o meio ordinário para a absolvição dos pecados graves cometidos
após o batismo, mas é também aconselhável a confissão dos pecados veniais.
II. “Apesar de não
ser estritamente necessária, a confissão das faltas cotidianas (pecados
veniais) é vivamente recomendada pela Igreja. Com efeito, a confissão regular
dos nossos pecados nos ajuda a formar a consciência, a lutar contra nossas más
tendências, a ver-nos curados por Cristo, a progredir na vida do espírito.
Recebendo mais freqüentemente, através deste sacramento, o dom da misericórdia
do Pai, somos levados a ser misericordiosos como ele” (Catecismo da Igreja
Católica, 1458).
Atendimento aos fiéis
Sejam estabelecidos
horários adequados aos fiéis:
I. nas igrejas, deve
ser sempre afixado o horário para atendimento das confissões, o qual deve estar
de acordo com as condições e o tempo disponível dos penitentes;
II. haja ampla
divulgação dos horários para atender aqueles que desejam confessar-se durante a
semana ou antes das celebrações, sobretudo no domingo.
Que seja
possibilitada aos fiéis a confissão de seus pecados antes da celebração da
Eucaristia e, se necessário, até mesmo durante a celebração.
Nos tempos fortes do
ano litúrgico, é louvável que os párocos, vigários paroquiais e outros
sacerdotes se organizem em “mutirões”, para atenderem as confissões nas
comunidades.
Absolvição simultânea
de vários fiéis
A absolvição
simultânea de vários fiéis só é permitida em “caráter excepcional”, em caso de
iminente perigo de morte, sem tempo para que um ou mais sacerdotes ouçam as
confissões de cada penitente (cf. cân. 961, §1,1o).
No caso de absolvição
simultânea, a absolvição é apenas antecipada, e a confissão é adiada para um
momento possível.
Cabe ao bispo, em
cada diocese, e não ao confessor, determinar os casos de necessidade grave e
julgar sobre a existência das condições requeridas para a absolvição simultânea
(cf. cân. 961, §2).
Absolvição dos
excomungados
Quanto à absolvição
do aborto, note-se que existe a excomunhão latae sententiae (cf. cân. 1398),
que, na legislação atual, é reservada ao ordinário do lugar, que determinará as
modalidades em sua diocese.
Quanto à absolvição
de um católico que passou para uma Igreja separada da comunhão plena, note-se a
excomunhão, conforme os cânones 1364 e 751, por ser heresia:
I. Caso tenha havido
ato formal, isto é, uma adesão oficial àquela comunidade, esta excomunhão é
também reservada ao ordinário do lugar.
II. Se este católico
vier a confessar-se, poderá ser absolvido graças à faculdade outorgada aos
confessores.
III. Para estes dois
casos, os cânones 1348 e 1358, §2 pedem que sejam impostas as devidas
penitências pela gravidade do ato.
Não podem ser absolvidos
os amasiados e os divorciados casados em segundas núpcias, quando o primeiro
casamento foi celebrado na Igreja sem ser declarado nulo. Estes também não
podem receber a eucaristia (cf. Familiaris Consortio, nº. 84; Reconciliatio et
Paenitentia, nº. 34; Catecismo da Igreja Católica, 1650).
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O Valor da Família
Família: vocação que transcende.
A família cristã tem hoje mais do que nunca, uma missão essencial e intransferível: ensinar e semear a fé. Uma fé que pregue a Jesus Cristo, amor e fundamento da comunidade eclesial e cristã.

Os pais são os primeiros evangelizadores dos filhos, dom precioso do Criador (cf. Documento Pontifìcio Gaudium et Spes, n.50). É obrigação dos pais instruírem seus filhos na vida de orações, na vivência dos sacramentos, e na motivação pela santidade. Com esses primeiros ladrilhos da fé, os filhos podem começar a edificar sua vida enraizado na vontade de Deus. Podem crescer nos valores humanos e cristãos que dão pleno sentido à vida.
Os filhos são, sem dúvida alguma, o mais precioso dom do matrimônio e
deles dependem em grandíssima parte a felicidade dos próprios pais. Deus mesmo
disse: “... não é bom que o homem esteja só.” (Gn 2, 18) e abençoando o homem
com a presença da mulher os exortou: “Sede fecundos e multiplicai-vos” (Gn 1,
28). Por isso, o amor conjugal e toda a vida que dele procede, “... tendem a
que os esposos, com fortaleza de ânimo, estejam dispostos a colaborar com o
amor do Criador e do Salvador, que por meio deles aumenta continuamente e
enriquece a sua família (Gaudium et Spes,
n.50, § 1).
Como pode um edifício permanecer
firme se não está bem fundado? Desde esta perspectiva podemos contemplar a
importância conservadora e vivificante que a família exerce em toda a
sociedade. Hoje, em um ambiênte que ataca brutalmente os valores familiares,
que degrada a essência do matrimônio, que despreza o verdadeiro sentido da
vida, que promove a morte como saída de emergência dos problemas... é
necessário a força que procede da família.... «os desvios seculares do
matrimônio nunca podem ofuscar o esplendor de uma aliança vital fundamentada
sobre a entrega generosa e o amor incondicional. A reta razão nos diz que
"o futuro da humanidade passa pela família» (cf. Exortação Apostólica
Familiaris consortio, 86)
A família é a esperança do mundo. É a educadora da verdade. A guia
verdadeira da felicidade. A sociedade urge que as famílias semeiem os
princípios morais e cristãos em todos os seus membros, pois Deus tem destinado
à família uma vocação que transcende todas
as outras, a vocação de ensinar a viver.
O amor de Deus pela família é tanto, que Cristo quis nascer e crescer no
seio da Sagrada Família da qual recebeu todo o amor, temor de Deus e educação
nos princípios religiosos e morais. Segundo uma antiga expressão, o Concílio
Vaticano II declara a família: “Ecclesia domestica”- Igreja domestica-
(Documento Pontifício Lumen Gentium n.11). Além disso, o Catecismo afirma que a
Igreja não é outra coisa que a família de Deus.
Sendo a família a sustentadora de uma sociedade reta e amante de Deus,
seus membros devem lutar para defendê-la dos ataques agresivos e destrutores do
mundo. Lutar contra o sofisma e o relativismo que descarta os verdadeiros
valores cristãos e fundamentais da dignidade familiar.
Fonte http://www.portalcatolico.org.br
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A indissolubilidade do Matrimônio, reflexo do amor
total de Cristo
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A indissolubilidade do Matrimônio, reflexo do amor total de Cristo
A Igreja não pode renunciar à sua missão de acordar a consciência dos povos e chamar os casais ao sacrifício da Cruz e à salvação

Parece comum, em nossa época, uma tendência a separar o amor da verdade, como se aquele fosse "um sentimento que vai e vem", e não uma realidade concreta, destinada a "superar o instante efêmero e permanecer firme para sustentar um caminho comum" (cf. Lumen Fidei, n. 27). As obras literárias, os filmes, novelas e seriados produzidos em larga escala e distribuídos ao grande público ajudam a promover esta "cultura do provisório": exaltam-se personagens do tipo "solteironas", "muito ocupadas em não fazer nada" (2 Ts 3, 11); modelam-se jovens sem perspectiva, dados a "aproveitar" a vida ao máximo, e adultos frustrados, cujo script se resume ou a um casamento infeliz ou a uma vida de traição e mentira. O cenário, assistido e copiado por muitos, parece indicar a impossibilidade de um relacionamento por toda a vida, de uma entrega definitiva, que nos comprometa totalmente e envolva toda a nossa existência.
O Catecismo
da Igreja Católica reconhece que "pode parecer difícil, e até impossível,
ligar-se por toda a vida a um ser humano". No entanto, a Igreja não pode renunciar à sua missão de
acordar a consciência dos povos e, ao mesmo tempo, chamar os homens à salvação
e à felicidade. A teologia do sacramento do Matrimônio deve ser
lida a partir do amor total que nosso Senhor demonstrou no sacrifício da Cruz,
como indica o próprio São Paulo: "Maridos, amai as vossas mulheres, como
Cristo amou a Igreja e se entregou por ela" (Ef 5, 25). Ora, é
inconcebível que o amor de Cristo seja passível de negociação. Do mesmo modo, a
aliança firmada entre um homem e uma mulher, com a intenção de criar e educar
os filhos, não pode ser quebrada, como quando se prevê o divórcio legal ou
dispositivos para facilitá-lo.
Neste ponto,
muitas vezes, a Igreja é acusada de não acompanhar o zeitgeist (o espírito do tempo)
ou a marcha da história. Como se ela fosse uma instituição meramente humana ou
um vendedor à procura de clientes. Mas, afinal, a quem a Igreja deve servir:
aos homens ou ao Evangelho? Quando Jesus falou da indissolubilidade do
Matrimônio, foi categórico: "não
separe o homem o que Deus uniu" (Mt 19, 6); a Igreja, fiel
à palavra de Cristo, não pode simplesmente alterar esta doutrina ou anunciar
realidade diferente desta. Como disse o Papa Bento XVI, em entrevista ao
jornalista Peter Seewald, "o
matrimônio contraído na fé é indissolúvel. É uma palavra que não pode ser
manipulada: devemos mantê-la intacta, mesmo que contradiga os estilos de vida
dominantes hoje".
Estes
"estilos de vida dominantes" são impulsionados pela própria
legislação civil, quando admite juridicamente o rompimento do vínculo conjugal.
Os propugnadores do divórcio dizem ser esta uma questão do foro íntimo dos
indivíduos, que devem ter reconhecido o seu direito a alterar o
"contrato" do casamento. Aqui, sem entrar pormenorizadamente nas
angústias e dificuldades específicas de cada relacionamento, prevalece, em
maior parte, uma escolha egoística, hedonista. O casal é tentado a pensar em
si, em seu conforto, em sua carreira, em seu ego ferido; do lado, porém, de
tantos conflitos, estão os filhos, cuja dignidade se vê ameaçada pela decisão
arbitrária de seus pais. De fato, não são poucas as crianças e adolescentes que
veem seu desenvolvimento humano e afetivo comprometido pela separação e
dissolução do casamento de seus pais.
Não menos
dolorosa é a situação dos casais que vivem em segunda união. Bento XVI
reconheceu tratar-se "dum problema pastoral espinhoso e complexo, uma
verdadeira chagado ambiente social contemporâneo que vai progressivamente
corroendo os próprios ambientes católicos". Nesta dimensão, ao lado de
recordar que o homem não pode separar o que Deus uniu, a Igreja acolhe a
súplica de seus filhos e os convida a viver quotidianamente sua vocação, se não
possível por meio da comunhão eucarística, pelo menos através da oração, da
penitência e da educação cristã de seus filhos. Afinal, ao lado de lutar contra
o erro e o pecado, a Igreja tem ciência de sua missão de anunciar o Evangelho e
buscar a salvação de toda criatura.
Fonte : http://padrepauloricardo.org/blog
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Namoro e consequência
Por ocasião do mês dos namorados, sai uma tirinha que nos
ajudará a refletir um pouco sobre o significado do namoro para nós católicos.
O que é o namoro? Vou deixar que D. Manoel Pestana Filho –
Antigo Bispo de Anápolis – responda a esta pergunta: “O namoro é um período de
preparação ao noivado, que deve dar ao jovem e à moça a possibilidade de
descobrir que não haja entre eles incompatibilidade para uma vida no
casamento”. “Entende-se por namoro o tempo no qual um jovem e uma moça, movidos
por intenções retas, frequentam-se com o escopo de conhecer-se para um eventual
futuro casamento.” (D. Manoel Pestana – Igreja Doméstica, pág. 45).
Uma forma clara de mostrar que tem retas intenções é a
vivência da castidade, preservando desta forma, algo que está reservado único e
exclusivamente ao casamento. A castidade é essencial para um namoro bem
sucedido e sob o olhar de Deus.
“A castidade é a virtude moral ligada à temperança que
regula o comportamento do homem no que diz respeito ao instinto sexual,
assegurando os altos objetivos que Deus lhe deu”. (Igreja Doméstica pág. 24)
“A castidade comporta uma aprendizagem do domínio de si, que
é uma pedagogia da liberdade humana. A alternativa é clara: ou o homem comanda
suas paixões e obtém a paz, ou se deixa subjugar por elas e se torna infeliz.”
(CIC N°2339).
D. Manoel Pestana Filho em seu livro “Igreja Doméstica” diz
que a castidade é virtude dos fortes: “É evidente que não se trata de fortaleza
física (Maria Goretti, mártir da castidade, fortíssima na luta para não ofender
a Deus, era fisicamente muito débil), mas sim de fortaleza, virtude moral,
fortaleza que vem de Deus, e que se obtém com o recurso frequente à oração, à
mortificação e aos sacramentos, com observância de uma conveniente higiene e
com a educação da vontade, isto é com a autodisciplina.” (Igreja Doméstica, pág.
25)
“Todo batizado é chamado à castidade. O cristão ‘se vestiu
de Cristo’, modelo de toda castidade. Todos os fiéis de Cristo são chamados a
levar uma vida casta segundo seu específico estado de vida. No momento do
Batismo, o cristão se comprometeu a viver sua afetividade na castidade.” (CIC
2348).
No Catecismo da Igreja Católica (CIC) encontramos muitos
conselhos sobre o tema, vou deixar que ele nos fale mais um pouco: “A pessoa
casta mantém a integridade das forças vitais e de amor depositadas nela. Esta
integridade garante a unidade da pessoa e se opõe a todo comportamento que
venha feri-la; não tolera nem a vida dupla, nem a linguagem dupla.” (CIC 2338)
“A castidade é uma virtude moral. É também um dom de Deus,
uma graça, um fruto da obra espiritual. O Espírito Santo concede o dom de
imitar a pureza de Cristo àquele que foi regenerado pela água do Batismo.” (CIC
2345)
A castidade leva aquele que a pratica a tornar-se para o
próximo uma testemunha da fidelidade e da ternura de Deus. (CIC 2346)
Difícil falar da castidade sem falar do pudor. Enquanto a
castidade está ligada à temperança, o pudor é parte integrante da temperança e
está ordenado à castidade.
“A pureza exige o pudor. Este é uma parte integrante da
temperança. O pudor preserva a intimidade da pessoa. Consiste na recusa de
mostrar aquilo que deve ficar escondido. Está ordenado à castidade, exprimindo
sua delicadeza. Orienta os olhares e os gestos em conformidade com a dignidade
das pessoas e de sua união.” (CIC 2521)
“O pudor protege o mistério das pessoas e de seu amor.
Convida à paciência e à moderação na relação amorosa; pede que sejam cumpridas
as condições de doação do compromisso definitivo do homem e da mulher entre
si.” (CIC 2522).
D. Manoel Pestana Filho lista para nós como se manifesta o
pudor cristão:
“a) Previne o perigo que ameaça; b) impede de expor-se a
ele; c) não se compraz com palavras torpes ou menos honestas; d) aborrece a
mais leve imodéstia; e) afasta-se da familiaridade suspeita com pessoas do
outro sexo ou do mesmo sexo; f) tem horror a qualquer pecado de impureza; g) e
retira-se ao primeiro assomo da sedução.” (Igreja Doméstica, pág. 25)
“A pureza do coração exige o pudor, que é paciência,
modéstia e discrição. O pudor preserva a intimidade da pessoa.” (CIC 2533)
Vou ainda acrescentar dois trechos que D. Manoel Pestana
retirou de um livro chamado “Ilustríssimos Senhores” de Albino Luciani (Papa
João Paulo I), são cartas dirigidas a um jovem e à sua eventual namorada,
acredito ser bastante útil aos leitores.
“Sobre este assunto (do namoro) há quem proponha hoje uma
moral largamente permissiva. Embora admitindo que, no passado, houve demasiada
rigidez em certos pontos, os jovens não deviam aceitar tal permissividade: o
amor deles deve ser amor com A maiúsculo, belo como uma flor, precioso como uma
joia e não vulgar como um fundo de copo.
Oportuno será que aceitem impor-se algum sacrifício e
manter-se afastados de pessoas, lugares e divertimentos que são para eles
ocasião de praticar o mal. Você dirá: ‘Não tem confiança em mim?’ Sim, temos
confiança, mas não é falta de confiança lembrar que todos estamos expostos a
tentações; e é amor arredar do seu caminho pelo menos as tentações desnecessárias.
Veja os motoristas: encontram pela frente a polícia, o semáforo, as faixas
brancas, a contramão, a proibição de estacionar, coisas estas que parecem, à
primeira vista, impertinências e limitações contra o motorista, quando pelo
contrário, são em favor o motorista, pois o ajudam a guiar com mais segurança e
prazer! E, caso um dia tenha uma namorada – seja Shepherd, Larkins ou Dora,
tanto faz – respeite-! Defenda-a contra si mesmo. Quer que ela se conserve
intacta para você? E justo, mas você faça outro tanto por ela e não ligue para
certos amigos, que contam suas proezas, vangloriando-se e pensando ser
super-homens devido a suas aventuras com mulheres. Forte e verdadeiro
super-homem é o que sabe dominar a si mesmo e se insere no grupo de jovens que
formam a aristocracia das almas.
Durante o noivado, o amor deve procurar não prazer sensual,
mas a alegria espiritual e sensível porque manifestado de maneira afetuosa,
sim, mas correta e digna!”
“Querida Dora (ou Mis Larkins ou Shepherd que seja) diz a
mãe dela – permita que lhe recorde uma lei biológica. A moça, geralmente, tem
mis domínio de si do que o rapaz, na esfera sexual. Se o homem é mais forte
fisicamente, a mulher o é espiritualmente; até parece que Deus resolveu fazer
depender a bondade do homem da bondade da mulher; amanhã dependerão de você a
alma de seu marido e dos seus filhos; hoje, a dos seus amigo e do seu namorado.
Precisa, portanto, ter bom senso por dois, a saber, dizer não a certas coisas,
mesmo quando tudo parece convidar para o sim. O próprio namorado, se for bom,
em seus melhores momentos, ser-lhe-á agradecido e dirá consigo mesmo: ‘A minha
Dora estava certa; ela tem consciência e lhe obedece; amanhã ser-me-á fiel!’ A
namorada fácil demais, pelo contrário, não oferece a mesma garantia, e corre o
perigo de desacreditar-se desde já, com uma aquiescência desabusada,
semiperigosa, donde brotatão no futuro ciúmes e suspeitas de parte do marido”.
(Igreja Doméstica, páginas: 46 e 47).
Embora algumas pessoas não acreditem, o namoro é coisa
séria. E deve ser levado a sério pelos os dois que se namoram, quando isso não
acontece, o mais indicado neste caso é o término. Vou deixar que o Bispo
esclareça isso: “Neste caso a jovem ou o jovem cristão lembrando que o amor é
uma coisa grande séria, e que considera-lo como brincadeira significa
profana-lo, deve afastar-se em boa e santa paz, mesmo que isso possa exigir
sacrifício. A duração do namoro deve ser mínima: ou existem de ambas as partes
intenções sérias e passa-se ao noivado; ou de uma parte considera-se o namoro
como um jogo, e a outra parte tem o dever grave de romper o relacionamento
porque o amor como jogo, é jogo perigoso!” ( Igreja Doméstica, pág. 46)
"Sem levar a sério o namoro não será possível construir
um casamento sólido e uma família forte" Prof. Felipe Aquino - Família,
Santuário da Vida.
Viver a castidade nos dias de hoje, onde tudo contribui para
o pecado, não é algo fácil, trata-se de um grande combate do qual os católicos
só sairão vitoriosos com MUITA ORAÇÃO, com o auxílio da graça e com uma grande
devoção à Nossa Senhora - Rainha da pureza.
“A castidade, que é uma virtude salutar e benéfica para o
equilíbrio humano, supõe: a) a oração e a mortificação (Mt 17, 21); b) a fuga
das ocasiões de pecado (2Tm 2,22); c) o pudor, que é a defesa natural da
virtude (Ef 5,3); d) o uso dos sacramentos da confissão e comunhão; e) a
devoção à Nossa Senhora.”
(FILHO, Dom Manoel Pestana. Igreja Doméstica. São Paulo:
Edições Loyola, 1980).
Indico que leiam mais no Catecismo e que procurem por este
livro citado acima, infelizmente acho que só encontrarão em algumas sebos.
Salve Maria!
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